Que o Trabalho de Conclusão de Curso, também conhecido como TCC, é o terror dos estudantes, não é novidade. Mas forjar o próprio sequestro para não ter que admitir para a mãe que não conseguiu finalizá-lo e, além de tudo, tentar enganar a polícia com argumentos e mentiras mal contadas é algo, no mínimo, diferente. O fato é que Suzan Paola Fadell Correa, 22 anos, está sendo processada pela polícia por falsa comunicação de crime, após confessar a mal fadada manobra.
Na madrugada da última quarta-feira (27), a educadora Joseane Fadell, compareceu à Central de Flagrantes de São Brás para comunicar o sumiço da filha, que teria ido malhar numa academia, na travessa Mauriti, esquina com avenida João Paulo II, no bairro do Marco e, ao sair do local, teria sumido e ficado incomunicável no celular na noite anterior.
Em tempos de solidariedade via redes sociais, rapidamente o caso ganhou enorme repercussão no Facebook e em toda a imprensa, com o apelo de familiares e amigos em busca desesperada pela estudante, que teria sumido um dia antes de defender o TCC para o curso de pedagogia numa faculdade particular de Belém.
Eis que no mesmo dia, por volta das 22h, ela teria sido encontrada por um amigo, de prenome Clayton, próximo à Rua Santa Maria, no bairro do Atalaia, em Ananindeua, para alegria de todos os que viveram a angústia do sumiço. Em depoimento na Divisão de Homicídios, ela declarou que teria sido amarrada por fios elétricos durante quase 24h, após ter sido sequestrada por três homens, que supostamente a largaram no local onde ela foi encontrada.
A MENTIRA
Mas o fato de nenhum resgate ter sido solicitado e os indícios de que Suzan não sofrera nenhum abuso começaram a parecer estranhos. Foram investigadas gravações de prédios por onde ela teria passado antes de ser sequestrada e outros passos foram dados na investigação. O resultado do exame pericial feito na universitária constatou que ela não possuía qualquer indício de que teria sido amarrada por 24h, o que fez com que fosse convocada novamente para prestar depoimento, tendo então admitido que forjou o próprio sequestro para fugir da defesa do TCC.
“Ela estava fugindo da mãe, na verdade. No semestre passado ela já tinha sido reprovada e esse ano não tinha concluído novamente o TCC. Por isso inventou essa mentira”, relatou o diretor Gilvandro Furtado. Segundo o delegado, a invenção da estudante teria gerado prejuízo ao Estado, que mobilizou força policial considerável, inclusive perícia científica, para elucidar o caso.
Contra Suzan Paola, foi instaurado um Termo Circunstancial de Ocorrência (TCO) por falsa comunicação de crime. A pena varia de um a seis meses de reclusão, podendo ser convertida em pena alternativa, por ser um crime considerado leve.
Segundo o delegado Gilvandro Furtado, o amigo, que está sob investigação, não teria participação no crime, conforme afirmou Paola. “No entanto, depois que descobrimos que ela mentiu, nada do que ela disse é confiável”, ressaltou.
Ela teria ido parar na Rua Santa Maria depois de ter ido a um shopping próximo e ter sido assaltada, tendo sido avistada por Clayton, que conversou com o DIÁRIO DO PARÁ por telefone, mas disse que a princípio não quer fazer nenhuma declaração.
REPERCUSSÃO
Suzan Paola confessou que, na verdade, passou a noite e parte do dia na casa de um amigo, mas não esperava que o sequestro forjado fosse ganhar tamanha repercussão.
Centenas de pessoas compartilharam várias imagens da estudante pelas redes sociais em busca de notícias da jovem. Até mesmo cartazes foram colados voluntariamente por amigos em lugares de grande movimentação, como shoppings e praças.
“Não consigo entender. Ela não demonstrava ser capaz disso. Mas me preocupa mesmo é saber como está a mãe dela”, comentou a professora Rafaela de Lima, 28 anos, que foi junto com Joseane Fadell (mãe de Paola) registrar o sumiço da estudante.
Fonte: Diário Online, acesso em 30 de agosto de 2012
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